sexta-feira, 4 de abril de 2008

“Youth without youth” - o eterno paradigma do tempo de Coppola



Haverá realizador mais enigmático e confuso que Francis Ford Coppola? Foi esta a pergunta que fiz a mim própria assim que saí há pouco do visionamento de “Youth withou youth”, traduzido para português como “Uma segunda Juventude”. Um filme cheio de significados e mensagens paralelas que, bem à maneira do Sr. Coppola, brinca com o tempo a sua passagem por nós, ou a nossa passagem por ele. O filme estreia na próxima semana, dia 10 de Abril e provocou uma autêntica onda de interesse entre os críticos e jornalistas de cinema, tal como já não acontecia desde os visionamentos dos filmes nomeados para o Óscar de Melhor Filme, em Fevereiro. A sala do cinema Londres estava muito composta para ver a nova obra de um dos nomes maiores do cinema. A bono da verdade, devo dizer que a curiosidade era muita, Francis Ford Coppola já não tinha um novo filme no grande ecrã há dez anos...
Tal como sempre me acontece nos filmes de Coppola, saio da sala sempre com várias interpretações possíveis. Este não foi excepção. A história centra-se num homem. Um homem estranho que parece não conseguir viver em paz de tamanho projecto de vida que definiu para si. Os amigos disseram-lhe logo na juventude que para fazer a obra que ele queria seriam precisas 10 vidas e não uma, mas no dia em que tinha decidido pôr termo à vida, aos 70 anos, e por ver que os seus projectos de uma vida inteira nunca teriam o visto mental da conclusão, o nosso Dominic Matei é fulminado por um raio. Mas ao contrário do que seria suposto, ele não só sobrevive, como fica sem qualquer lesão e até rejuvenesce. Parece agora ter 35 anos e tem uma nova vida pela frente para concluir os seus projectos. E tudo parece estar encaminhado para isso, até a mulher da sua vida ele encontra, noutro corpo, numa outra vida. Mas depressa percebe que está condenado a não concluir o seu projecto. O amor a ela é maior que o resto. A vida tal como ela é na realidade é maior que qualquer sonho e ele depressa volta o mundo banal, onde antes era um velho professor e intelectual. E é no seu corpo enrugado que acaba.
Não vou gritar que têm de o ver, mas aposto que é um daqueles filmes que vai dar que falar nas aulas de cinema.

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