A febre começou definitivamente a dar tréguas. Depois de
subir durante a noite, mas só até aos 38º, a M já andou o dia inteiro feliz da
vida, como se nada tivesse acontecido. É particularmente fascinante esta
capacidade dos miúdos esquecerem tudo e aproveitar a vida ao minuto. Quando
estão mal, estão mesmo mal, mas assim que passa, nem nos dão tempo a nós de
recuperar. Maravilhoso! E vai daí que hoje, o nosso dia aqui já foi
completamente diferente. Aliás, o facto de conseguir andar por aqui, demonstra
bem como as coisas já evoluíram para bem melhor, ao fim de quatro dias de
internamento. Por isso, a manhã de hoje foi incrivelmente comprida. Nunca
esperei dizer isto, eu que ando sempre a queixar-me de tempo, muito menos
escrevê-lo aqui. Mas estar a braços com a minha filha, felizmente cheia de
energia, das sete da manhã, que foi quando acordou, até às duas da tarde, hora
do maldito antibiótico e por tanto chorar a fez adormecer, significou que:
pintei desenhos até mais não (quando era criança adorava pintar, é um facto),
construí casas e torres gigantes em lego que ela num minuto fazia questão de
derrubar. Fizemos uma tentativa de jogar dominó, mas a criatura deliciava-se a
roubar as peças. Li histórias, betemos-lhe palmas, cantámos e passeamos vezes
sem conta pelo corredor. O que ela queria era sair porta-fora, mas isso, por
agora tá quieto! Fizemos jogos de encaixe, fomos à janela ver os aviões (de uma
forma menos bonita que na canção dos Azeitonas, é um facto, mas com o seu
encanto), vestimos bonecas de papel. Vi no canal Panda coisas que conhecia e o
que é novo para mim (já não via televisão há tanto tempo, antes de aqui
chegar). Andámos com ela ao colo a ver os quatros, andámos com ela no chão
feliz por nos levar para aqui e para ali como se a casa fosse sua, e neste
momento é. Ainda consegui trabalhar, mas nunca descansar. Deve ser da
adrenalina e se bem me conheço, quando tudo isto acabar é que vai ser bonito,
com o sono todo por pôr em dia.
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