Fotografia de Paulo Sabino
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O texto é genial, o elenco é genial, o trabalho todo em palco é genial, a nova peça da UAU é genial. "Pobre Milionário" estreou ontem e é mais uma daquelas peças que não se pode perder. Apesar de nos fazer rir a bom rir ao longo das duas horas de acção, esta é uma peça que foge um bocadinho àquele conceito de comédia rápida, para nos deixar a pensar um bocadinho mais sobre a sociedade que temos. É uma comédia inteligente que nos retrata a todos com tamanha exatidão, neste universo que vive de aparências. Não interessa muito quem tu és nem o que realmente fazes, mas se tens dinheiro, ou se julgam que tens dinheiro, todas as portas estão abertas e podes dizer os maiores disparates que todos vão concordar contigo. Miguel Guilherme, que já outras vezes encabeçou cartazes da UAU, nomeadamente em "Jantar de Idiotas", do mesmo autor de "Pobre Milionário": Francis Veber, volta a ser protagonista num elenco que é praticamente todo ele estreante em peças da produtora: Rui Melo (que aceitou o desafio muito em cima da hora, mas está verdadeiramente brilhante em palco), Nuno Melo, Rita Loureiro, Maria João Abreu, Rita Calçada Bastos e Sinde Filipe.
Miguel Guilherme é Francisco Pinho, um homem como há tantos por este país fora - um desempregado que se vê morto para o mundo: os amigos desapareceram, a mulher troco-o por outro, o banco retirou-lhe os cheques e cartões. Na verdade, Francisco sente-se mesmo invisível, porque afinal que interessa aos outros um pobre desempregado, sem soluções à vista? Alguém perde tempo a olhar para um homem assim?
Agarrando-se a uma ideia repentina e verdadeiramente louca, este desempregado sem um tostão (ou cêntimo) no bolso pede para ser inspecionado pelas finanças. Mas porquê? Porquê? Precisamente porque ao ser inspeccionado pelas finanças, deixa a ideia de que afinal ele não é tão pobretanas assim. Aliás, fica a ideia que ele é multimilionário e, como golpe mágico, renasce outra vez perante a sociedade: a ex-mulher quer voltar, as outras mulheres cobiçam-no, os amigos re-aparecem e até o banco lhe volta a entregar cheques...
A encenação é de José Wallenstein.
Para ver e tirar as nossas próprias conclusões, no Casino Lisboa, de quinta-feira a sábado, às 21h30, e domingos, pelas 16h30. Bilhetes de 12 e 18 euros, sendo que às quintas-feiras há um bilhete único de 10 euros, sem lugar marcado. Fica a dica!
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