Hoje passei grande parte do meu dia por Lisboa, em perfeita maratona de um lado para o outro, para tentar encaixar tudo aquilo que queria fazer, depois de ter ficado logo de manhã, mais de uma hora parada numa fila de trânsito. O dia não estava por isso a ser brilhante e queria muito fazer qualquer coisa para o salvar e também para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil. Ainda dei um pulo à Bulhosa. Foi mesmo um pulo, talvez a visita mais rápida que fiz a uma livraria. Pensei em comprar-lhes um livro novo, mas ao mesmo tempo achei a ideia um disparate. Se há coisa que nunca é um excesso ter é livros, mas a verdade é que eles têm uma biblioteca bem recheada e compro livros com tanta frequência que isso não iria fazer desta quarta-feira, um dia propriamente diferente. Depois pensei em levá-los a uma livraria, mas perto de casa não há nenhuma extraordinariamente bonita que valesse a pena correr o risco de levar com uma birra a meio e trazer três livros e a carteira vazia. Até que cheguei a casa e com o jantar simples que tinha definido, decidi desafia-los a fazermos um picnic de livros. Cá em casa adoramos picnics... e livros também, como sabem! E em jeito de improviso, pedi que fossem buscar os livros que mais gostam. Cá em casa os livros deles estão todos à mão de semear. Gosto que sejam autónomos em ir busca-los quando lhes apetece e quanto mais fácil é pegar num, menos probabilidade há em estraga-lo. Pusemos uma manta no chão e almofadas à volta e ficámos ali a degustar os livros, como num verdadeiro picnic. Todos os livros são diferentes: há maiores, há mais pequenos, mais gordos, mais magros, com brilhantes, de capa rija, mais pesados. Cada livro tem a sua textura e até o seu cheiro. E para conhecer livros não basta apenas saber a história que traz lá dentro. Eu gosto de livros e gosto que os meus filhos mexam em livros. Que os desfolhem, ao seu ritmo, que vejam bem os desenhos e até imaginem o que as palavras dizem. Fico feliz por ouvi-los falar da capa e contracapa, do título e do autor! Foi engraçado porque chegaram todos à manta com muitas certezas acerca do seu favorito, mas no final já tinham mudado as preferências! Conversámos muito sobre os livros e lemos três. Na verdade eu só li um, a filha mais crescida quis ler dois aos irmãos e eu deixei, evidentemente orgulhosa! Foi uma hora boa, uma hora minha e deles. Uma hora simples, mas sem pressas, nem gritos, nem discussões. Uma hora sem nada de novo para deixar na estante, mas com uma vivência feliz para colar na memória. E mais uma vez a certeza que o mais importante nesta vida é termos tempo para vive-la.
2 comentários:
Parabéns pela ideia brilhante!
As tais pequenas coisas que marcam a grande diferença! Eles irão sempre recordar este dia!
Muito obrigada Anabela! E bem vinda ao Vida Maravilha!
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