sábado, 3 de abril de 2010

O doce trabalho da Joana


É uma exposição incontornável e a curiosidade é de tal ordem que há filas e filas para entrar no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, para visitar a “Sem Rede” daquela que, logo a seguir a Paula Rego, é a artista portuguesa da actualidade que mais dá que falar lá por fora. Pela primeira vez, Joana Vasconcelos reúne numa só exposição o resultado dos seus 15 anos dedicados em exclusivo à arte e o impacto não podia ser maior. A acompanhar o imponente sapato feito de tachos e panelas, encontramos obras curiosas, desconhecidas para a maior das pessoas e que brincam com objectos do nosso dia a dia e que, muito provavelmente, muitos de nós pegariam neles e deitavam no lixo. A doce Joana não. Chamo-lhe doce porque sente-se um delicado manuseamento dos seus trabalhos pela mão artista da criativa. Fiquem descansados os pais de crianças pequenas que nunca sabem como convencê-los a ir com eles a uma exposição. Aqui, o difícil é convencê-los a sair. Os miúdos adoram saltar pelos seus trabalhos de lã “Contaminação” que parece uma lagarta de patchwork que nunca mais acaba, adoram o sapato (quem não adora?!), adoram os globos terrestres, o táxi cheio de farolins, a casinha de praia cheia de espelhos e, outra coisa não seria de esperar, a escultura de cães de loiça que vai girando e fazendo com os ditos bichos se vão partindo (com certeza uma piada ao bom gosto de ter cães de loiça em casa!), ali, pelo menos têm uma utilidade: partirem-se em cacos à frente de todos! Isto para além do imponente lustre feito de tampões, da bola dourada repleta de balas e dos corações gigantes à moda minhota, em vermelho, dourado e preto, expostos numa salinha intimista onde se ouve o fado de Amália. Os adultos saem de lá fascinados com a criação de Joana Vasconcelos e os mais pequenos ainda podem sonhar com as suas facetas de artistas e pegar em linhas e tecidos e experimentar dar asas à imaginação. Obrigatório ver até dia 15 de Maio. E, claro, não se paga.

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