sábado, 15 de janeiro de 2022

Ginja, um cão com sorte



No ano do nosso casamento decidimos ir a Penafiel comprar os nossos móveis da sala. Foi o ano em que o Ikea veio para Portugal (sim, sou assim tão antiga!), ainda não era muito conhecido apesar de muitos amigos já irem a Madrid fazer compras para as suas casa, mas naquela altura, entre ir ao IKEA ou mandar fazer os móveis ao meu gosto e com as medidas certas para a minha sala, pareceu-me a segunda hipótese bem melhor. Hoje, adoro o IKEA e sou cliente assídua, mas não mudava (nunca mudei) os móveis da minha sala por nada.

Esse fim de semana de 2004 tornou-se absolutamente memorável e muito especial, porque estivemos sempre acompanhados por uns amigos dos meus pais extraordinários que não só nos levaram à melhor fábrica de móveis de Penafiel, como ainda nos acompanharam em restaurantes e passeios maravilhosos por aquela região. Foi um fim de semana em família com outra família que eu só conhecia de nome e dos meus pais tanto falarem, mas que ficou para sempre na minha memória.

Num almoço, com os pais desses amigos, que já tinham uma idade de respeito mas eram das pessoas mais divertidas que podem imaginar, surgiu-nos à vista um cão muito magrinho. O senhor, olhou para mim e disse-me que aquele era o “come se o há”, que dito muito depressa soava a “comeseoá” e depressa se prontificou a chamar o cão para dar comida. 

Nunca mais esquecemos a expressão “come se o há” e sempre que vemos um cão faminto na rua, lembramo-nos daquele episódio e lamentamos que nem todos os cães possam ter uma família.

Este Natal, enquanto a Ginja dormia no sofá e os miúdos lhe davam beijos repenicados, sem ela estar minimamente à espera, o meu pai exclamou “este é um cão com sorte”. E é, porque cá em casa é precisamente um elemento da família, viaja connosco sempre que possível e passa o mínimo de tempo sozinha. Chamo-lhe muitas vezes de filha de pelo, gostamos verdadeiramente da companhia dela e somos mais felizes porque ela está na nossa casa e na nossa vida. Nunca tinha tido um cão e nunca pensei que se pudesse gostar tanto de um animal de estimação.

Ser um “cão com sorte” é ter companhia, é ter mimo, festinhas a qualquer hora. Comida boa e uma manta quente. É ir passear à rua sem medo e voltar à “sua” casa satisfeita. É sentir que há quem a proteja e quem esteja sempre à sua espera.

Não podemos acolher todos os cães em nossa casa e nem todos aqueles que gostavam de ter cão podem ter. Dá trabalho, exige tempo, é uma responsabilidade grande. Sempre que equacionamos as nossas férias, a parcela “Ginja” condiciona a valer.  Mas que eles nos dão muito mais do que nós lhes damos a eles, é bem verdade. Não exigem nada, quase não esperam nada. Ficam loucos de felicidade cada vez que entramos em casa e muitas vezes parece que nos lêem os pensamentos.

A adaptação de ter um cão em casa pode ser difícil, como tudo na vida. Exige dedicação e ginástica de pensamento, mas é quase sempre possível. E se não fosse difícil também não seria impactante nem revolucionário como é, certo? E eu não tenho dúvidas: quem tem cão nunca está sozinho e numa altura em que tanto se fala de solidão, é bom pensar nisso. Porque não transformar um “come se o há” num “cão com sorte”?


domingo, 9 de janeiro de 2022

Menos prejuízo e mais juízo


 No outro dia estava a fazer a minha caminhada quando uma família em bloco passa por mim e a mãe exclama: “fico espantada com a quantidade de pessoas que anda na rua sem máscara”, virando-se para a filha, jovem adulta que levava a máscara na cara, mas com o nariz de fora.

Não ligo muito a prejuízos dos outros, ou talvez tente não ligar, porque confesso, fazem-me sempre pensar, tanto na minha conduta como na dos outros…

Aquele comentário feito para alguém que tem a máscara mal colocada é só ridículo, mas é ainda mais triste fazer um comentário alto de forma a ser audível pelos outros, sem saber a história de quem o ouve. Fazer um comentário só para gerar atrito e mal estar não leva a nada.

Aquela pessoa que partiu do princípio que ela estava certa e tantos outros errados, esqueceu-se de ponderar se quem não levava máscara, a tinha tirado pelo esforço físico. Se é alguém que passa o dia inteiro fechado num escritório / loja/ qualquer outro posto de trabalho sem poder tirar a máscara e aproveita o ar livre para o fazer. Se é alguém que esteve em isolamento nas últimas semanas por ter testado positivo e agora pode ter um bocadinho menos de medo e necessidade real de andar sem máscara ao ar livre.

Enfim, há tantas premissas que podem estar na base de cada comportamento que não vamos continuar aqui na lógica dos Ses.

O comentário em questão foi feito por alguém no dia 2 de Janeiro, altura em que supostamente temos bem frescos os nossos desejos para o ano novo que começa. Muitas vezes dizemos que queremos ser mais tolerantes, menos negativos, mais focados no lado bom das coisas… mas na primeira oportunidade revelamos que afinal nada em nós vai mudar nos próximos 365 dias. 

Creio que uma boa resolução de ano novo será a de fazer menos prejuízos dos outros. Deixar de nos considerarmos melhor que os outros. Ter menos preconceitos e ideias fixas. Precisa-se de mais empatia e compaixão de forma urgente. A pandemia não nos tornou melhores pessoas, muito pelo contrário. Quanto mais se arrasta, melhor vemos os efeitos perversos que ela tem.  Mas todos podemos trabalhar, fazer um esforço, para sermos mais inclusivos. Comecemos por tomar consciência disso, de como somos preconceituosos e tentemos mudar algo: uma vez por mês, uma vez por semana, todos os dias. Permitindo-nos ser cada dia um ser humano melhor. 


terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Tradições

Sou uma pessoa de tradições, de seguir rituais e de os viver em pleno, sem esforço, mas porque são assim e assim sabem-me bem. Um pouco como as rotinas. É maravilhoso sair da nossa zona de conforto, conhecer outros sítios, lugares, profissões e pessoas, mas é muito bom quando já começamos a seguir uma rotina. Já mudei radicalmente de profissão. Já mudei de concelho para viver, não sou pessoa de dizer não a um desafio, mas depois tenho que regressar a mim, à minha essência, mesmo que isso signifique encontrar a minha essência no novo caminho. É assim que vejo as tradições de Natal e Ano Novo. Não vale a pena inventar muito. Podemos criar as nossas, não temos que ficar agarradas às dos outros se nada nos acrescentam, mas é importante criarmos as nossas e respeitarmos. É importante ter e viver as tradições. 
Eu adoro o Natal e quem me conhece bem sabe o quanto vibro com os presentes comprados, mesmo que seja um par de cuecas. Aquela alegria de uma mesa farta, as pessoas do nosso coração à mesa, a ansiedade dos mais pequenos para os presentes… e dos maiores também! Em minha casa continuamos a abrir os presentes só depois da meia noite e agora já são os miúdos que dizem nem pensar em antecipar, nem que seja um minuto sequer. E eu emociono-me com isso, confesso. Significa que lhes passei algo. Que levam algo meu na bagagem das memórias. 
Alguns amigos, vendo a minha alegria nesta altura, justificam-se que nunca viveram muito o natal, ou porque o jantar todos os anos era diferente. Ou porque passavam sempre com pessoas diferentes. Ou porque não havia muitas prendas… quando os amigos tinham tudo o que queriam. Ou porque não recordam um natal como um momento especial. As vivências marcam-nos fundo. Mas há que saber criar as nossas rotinas e sobretudo não banalizar. 
Definir que na noite da consoada é aquela comida que só se repete uma ou duas vezes ao ano. Que os doces que se fazem nesta época são mesmo só para aqueles dias. Que há presentes debaixo da árvore para todos e não só para as crianças. Que há algo de mágico que só se repete uma vez ao ano. Eu adoro dar presentes às crianças, aos mais velhos, ao marido, aos amigos, fazer um bolo para os vizinhos, ter um mimo especial para quem gostamos e trabalha connosco. Porque o dinheiro não estica e eu adoro ver presentes e mais presentes debaixo da árvore, opto sempre por comprar coisas úteis e algum tempo antes, não deixando acumular com o orçamento de um único mês. Há sempre um presente especial para cada um, que é o Presente, aquele que mais pediram e que deixo para último, mas depois há muitas coisas embrulhadas que já teria que as comprar e oferecer, que fazem muito volume na árvore e deixam os olhos a brilhar na expectativa. Não há Natal que não ofereça meias, ou cuecas, ou pijamas. Ou os chocolates que eles mais gostam. Eles já sabem que não é tudo ouro e adoram isso também. Porque é sempre uma risada cada vez que um de nós desembrulha um par de meias e assim vai continuar a ser. 
O Natal somos nós que o fazemos, à nossa maneira, cuidando dos nossos e da nossa saúde mental. Não interessa se a dois, a quatro ou a vinte. Se preferimos ficar em casa ou pelo contrário estar a viajar, longe de tudo e todos. O que interessa é sermos felizes com as tradições que criamos, que nos dão base e sustento. Porque se nós não fizermos nada por nós, se deixarmos passar as tradições em branco, perdemos a âncora que nos mantém presos aos nossos e também a nós.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

As férias são um caso sério

 


 

A vida está para poucas brincadeiras, é certo, mas até que ponto não espairecer a cabeça vai resolver ou minimizar alguma coisa. Julgo que pouco ou nada.

Infelizmente, muitos foram os portugueses que decidiram este ano não fazer férias. Reforço o infelizmente porque para mim, as férias são um direito do qual não devemos abdicar. Podemos adiar, podemos reduzir, mas nunca abdicar. Infelizmente tenho amigos que tiraram férias oficialmente, mas não foram para lado nenhum. Que ficaram em casa e praticamente fizeram uma vida igual à do resto do ano. 

É verdade que nem todos estamos a viver situações exatamente iguais. A pandemia afectou-nos todos, mas como em tudo, a uns mais que a outros. Há desemprego em algumas famílias e medo em quase todas. Há poucas perspectivas de melhorias numa parte e há total pessimismo numa outra. Nem todos conseguem utilizar o subsídio de férias para aquilo para o qual foi criado: ir de férias. Na verdade nem todos têm subsídio de férias. Há uma parte que utiliza esse extra para compor as contas familiares ou para melhorias em casa: repor um electrodoméstico que se avariou, pintar a casa que preciso de uma mão há vários anos. Há ainda quem prefira poupar que o futuro promete ser complicado. E há ainda quem não tenha podido tirar férias nesta fase e tenha sido obrigado a gastar os dias de férias em pleno confinamento. 

E tudo isto é legítimo, mais que legítimo. Mas eu acho que as férias não são apenas um direito, muito menos um luxo. Na verdade, uns dias de descanso e diversão, podem fazer a diferença no nosso futuro. 

Não ir de férias para lado nenhum pode ter um impacto muito negativo no rendimento dos meses longos de trabalho que lá vêm. O outono e o inverno vão chegar cheios de incertezas. Neste momento ainda é possível sair e passear, com todos os cuidados, mas com alguma segurança garantida. O Vírus enfraquece com o sol e o calor e a nós a vitamina D fortalece-nos.

Há vários destinos que podemos visitar, muito perto de casa, sem necessidade de ficarmos a dormir fora de casa, que nos dão a sensação de férias.


 

Évora é sempre uma boa opção

A uma hora e meia de Lisboa, Évora fica suficiente longe para fugir do ambiente normal da capital e perto para uma visita de um dia. 

Eu, particularmente, gosto muito de Évora e já lá passei vários fins de semana. Tem excelente hóteis, mas neste post, falo apenas da ideia de ir de manhã e voltar ao final do dia. Porque é uma cidade muito simpática, com muito para visitar e excelentes restaurantes. O Templo de Diana e a capela dos ossos são incontornáveis, assim como também é uma bebida refrescante na praça do giraldo. Eu gosto de me misturar com as pessoas locais. De Aproveitar para fazer uma compras, saber qual o bolo típico, apreciar o rebuliço próprio de cada dia. É uma cidade universitária e por isso tem todas as lojas boas que gostamos, as lojas de confecções próprias, e as últimas novidades.  


 

Mafra e Ericeira a meia hora de caminho

Sou suspeita, eu sei. Há mais ou menos 20 anos escolhi a Ericeira para viver e adoro, sobretudo de setembro a Julho!!! Na verdade, Agosto é caótico em todo o lado, mas de facto esta vila piscatória fica cheia de gente neste mês de férias por excelência. Está a pouco mais de 30 minutos de Lisboa pela auto estrada. É muito bonita, tem boas praias fantásticas e ótimos restaurantes de peixe que sabe sempre tão bem nos meses quentes. Ninguém pode sair daqui sem comer um Ouriço da Casa Fernanda, junto à muro dos pescadores ou deliciar-se com um Pastel de Nata das Maria no Jogo da Bola. É normal acordar nublada e por isso acho que se pode rentabilizar o tempo com uma ida a Mafra, a capital do concelho e visitar o Palácio, para sempre um dos meus monumentos preferidos, o Jardim do Cerco, o Parque desportivo ou a Tapada de Mafra que é um património natural muito rico.


Sintra e Cascais, do óbvio ao extraordinário

Há muito que consideramos Cascais e Sintra, como Lisboa de tão perto que estão, mas o ambiente é totalmente diferente e faz todo o sentido incluir aqui, por mais óbvio que pareça.

Há quanto tempo não passeia em Cascais? Há quanto tempo não visita um dos muitos e extraordinários monumentos de Sintra.

Conhece O Palácio da Pena? O castelo dos Mouros? A Quinta da Regaleira? O Palácio de Monserrate?

Há quanto tempo não come uma gelado em frente à Baia de Cascais? Ou na Marina?

Há mil e um motivos para seguir viagem desde manhã cedo e só regressar a casa ao final do dia. Vai ver que vai parecer que foi para bem longe!


Muitas outras sugestões podiam caber neste post, como Óbidos, Arrábida, Sesimbra, e nunca mais daqui saiamos. Façam-se à estrada. Não fiquem presos ao medo do dia a dia. Saiam de casa, com todo o cuidado, visitem sítios novos, passem noutros que já não se lembram da última vez que lá foram, mas divirtam-se e aproveitem os últimos dias de verão. 

Faz bem ao corpo e à alma. A vossa cabeça vai agradecer!

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Regressar ao Teletrabalho depois das férias

 

O regresso das férias não é fácil para ninguém, por mais baterias carregadas que consigamos ter. No dia do regresso fica sempre uma nostalgia do final das férias que podem demorar a regressar outra vez. Este ano, há ainda uma nova particularidade que é regressar ao trabalho, sem sair de casa, o que pode tornar tudo mais complexo e difícil de definir. Com a pandemia muitas foram as empresas que optaram por programar para Setembro (algumas para mais tarde ainda) o regresso ao escritório depois de meses seguidos em teletrabalho. A ameaça do COVID19 ainda não acabou e a verdade é que a grande maioria soube responder de forma incrível aos desafios do trabalho remoto. Mas significa isto que após as férias, o regresso ao trabalho pode ser feito numa primeira fase em teletrabalho, da mesa da sala, onde ainda há dias se respirava um ambiente de descontração em resultado da pausa tradicional do verão. Para ajudar nesta nova adaptação, recordo cinco regras que devem ser postas em prática sempre, mas que ganham especial importância nesta altura de recuperação do foco:

 

Fazer uma lista de objetivos reais e tangíveis

Uma boa forma de manter o foco é começar cada dia com uma lista de tarefas para fazer, marcando objectivos claros. Quem é adepto do papel, fazer uma lista na agenda, mas para quem é mais tecnológico, o ideal é colocar cada tarefa num horário específico no calendário digital. Assim, cada vez que se aproxima da hora marcada para cada tarefa o computador alerta, o que ajuda a cumprir metas definidas. Não vale a pena fazer objetivos irreais, marcando tudo para o mesmo dia. Isso pode causar frustração por não conseguir, ou simplesmente levar ao desinteresse porque já sabe de antemão que não o vai fazer. Estar a trabalhar remotamente é prova de que merece essa confiança. Para continuar a demonstrar isso aos seus colegas e chefia, não há nada como colocar objectivos a si próprio para ir mostrando o trabalho feito. Nesta altura interessa menos o horário feito, mas sim os resultados entregues.

 

Manter o contacto com colegas do escritório

O Teletrabalho pode ser muito solitário. Nesta altura de regresso em que ainda há muitas pessoas de férias, inclusivamente no seu departamento, telefone a um colega, marque uma video chamada com outro, reserve um dia para um almoço de trabalho. É importante mantermos o contacto, sobretudo com os colegas que sempre nos fizeram sentir mais inspirados. Nesta altura de regresso há menos reuniões por isso pode-se aproveitar para intensificar os contactos pessoais. Um almoço com outro colega numa esplanada ao ar livre e com os devidos cuidados de higiene e segurança pode dar energia para o resto da semana.

Aproveitar para ler ou estudar

Julgo que acontecerá com todos, mas comigo é certinho: ao longo do ano vamos recebendo artigos ou descarregando ebooks que não temos oportunidade de ler no momento, tal a azáfama do dia a dia, mas que guardamos para mais tarde. O mais tarde é agora. Agosto é óptimo para ler aquilo que há muito está guardado naquela pasta digital. Basta criar a rotina de ler um por semana e assim vai chegar às reuniões de setembro com ideias novas, cabeça arruda e sobretudo com o sentimento de que fez algo por si. Não há nada mais desinteressante que um colega que só trabalha, como sempre trabalhou e porque é obrigado a trabalhar, sem aportar novas ideias e conceitos.

 

Reinvente-se

Esta é a altura certa para mudar rotinas Setembro funciona muito como janeiro. São meses que significam inícios, em que se fazem planos e em que se alinham promessas de mudanças. Se há muito que pretende ter outro estilo de vida. Este é o momento. Se quer ter uma vida mais equilibrada pessoal e profissionalmente, este é o momento. É a hora certa para definir o seu calendário diário. Invista tempo a marcar e a reservar horas do seu dia a dia com coisas que a enriquecem. Assim, quando começar a chuva de solicitações para reuniões aqui e ali, essas horas já estão trancadas.

 

A organização é tudo

Toda esta situação que estamos a viver desde Março acelerou de forma impar a nossa adaptação ao digital. Se havia dúvidas ou teimosias, agora já todos conseguimos trabalhar com muito menos papel e organizar o nosso trabalho de forma virtual e digital. Mas, na verdade, esta é a altura ideal para organizar as pastas no nosso computador. Muitas vezes criamos uma pasta mãe e despejamos lá para dentro tudo o que estamos a trabalhar para não ficar no desktop e assim dar o ar de arrumado, quando na verdade está uma grande confusão. Se a grande maioria dos nossos colegas permanece de férias nestes dias de Agosto, podemos dedicar 30 minutos por dia a organizar a drive e as pastas pessoais não partilhadas. A partir de Setembro vamos agradecer este trabalho.

sábado, 8 de agosto de 2020

Férias com um cão é possível? Em Monsaraz, sim!

 
Conheci Monsaraz há cerca de 15 anos com a minha amiga Rita Sá que durante muitos anos desenvolveu muito bem o turismo no Alentejo. Desde então já fomos para Monsaraz 4 vezes, tal o nosso encanto. Já fomos só os dois com uma bebé de meses, já levámos amigos, já fomos no verão, já fomos no inverno, mas esta foi a primeira vez que fomos com a Praia Fluvial a funcionar em pleno e com um cão. E para começar só posso dizer que foi espetacular.
 
Marcámos de véspera (incrível, não é?) e após uma busca rápida de alojamento que permitisse cão. A ver pelas imagens disponíveis, o Charme de Monsaraz parecia ser simpático mas foi muito mais que isso:  É uma casa encantadora. Uma casa antiga totalmente remodelada, com pormenores de verdadeiro charme, com uma lareira enorme, um pátio interior  e um duche que nos permite tomar banho de janela aberta, quase deixando ver as estrelas! Fica encostado às muralhas, em frente à Estalagem de Monsaraz, o que permite percorrer as ruas até ao Castelo sem mexer no carro que fica estacionado à porta. 
 
 
Para a Praia fluvial distam nem 10 minutos e foi lá que passamos as grandes horas de calor. não fomos para o areal, porque não é permitido cão, mas a praia tem uma área de piquenique circundante com grandes carvalhos encarregues de dar sombra durante todo o dia e com o Lago Alqueva em todo o redor.

Escolhemos sempre a mesma mesa, com uma vista incrível. Nunca precisamos de correr ou deixar nada a guardar lugar. O espaço esteve sempre muito composto, mas sem grande ou exagerada lotação. Tivemos sempre lugar na esplanada quando assim o quisemos e onde experimentamos Lagostins, um delicioso Gaspacho alentejano, entre outros petiscos refrescantes para aguentar os quase 40º que se faziam sentir. Foi também no Centro Náutico, Restaurante e Barcos, que surgiu a conversa de fazer um cruzeiro na hora do Pôr do sol. Mas e o cão? Pois o cão não tem problema algum. Em menos de nada, ficámos a saber que é permitido fazer o passeio com a companhia dos quatro patas, desde que estes obviamente não provoquem mal estar entre os restantes passageiros. A Ginja é a cadela mais doce e calma que conhecemos, mas não deixa de ser um animal com toda a sua imprevisibilidade e por isso tenho que confessar que fiquei um pouco com o pé atrás, mas sem razão, porque correu tudo muito bem.
Fomos no cruzeiro com ela e ela nem se fez notar. Quando chegámos à Ilha dourada (com areia es-pe-ta-cu-lar que brilha como ouro!) para o prometido mergulho, atirou-se à água como é seu costume sem perturbar ninguém. 
 
Pensámos em fazer o cruzeiro apenas porque sim, para ser um momento diferente vivido por todos, mas superou as nossas expectativas. Já tínhamos feito um passeio num barco casa e até outro cruzeiro com direito a uma lanchinho simpático, mas este foi o mais simples e ao mesmo tempo o mais encantador. A escolha da hora do pôr-do-sol foi certeira. Que lindo! Além de que a história da ilha dourada confere de verdade, a areia tem uma argila dourada que se prende aos pés quando caminhamos e faz um efeito extraordinário quando calcamos a beira mar. 
 
 
Sobretudo pelo contexto que estamos a atravessar, mas também porque muitas vezes é mais confortável para os miúdos jantar em casa, optámos quase sempre por cozinhar, mas levámos uma reserva feita logo desde Lisboa: para o nosso muito querido restaurante Sem Fim (que curiosamente pertence ao mesmo dono do Centro Náutico Restaurante Barcos, na praia fluvial). Se fizerem uma busca rápida aqui no blog vão encontrar um post sobre a Sopa de Tomate do Sem Fim, talvez no ano 2007. É assumidamente o nosso restaurante alentejano preferido.

Não há sopa de tomate igual, mas para além disso há muito a experimentar e degustar como o bacalhau verde, a espetada de porco preto com as tradicionais migas, o polvo… enfim tudo uma delícia e onde o que é difícil é escolher. Para além de ser mesmo muito bom, o Sem Fim tem um terraço, nas traseiras, onde é permitido ter cão porque tem uma entrada independente. Obviamente que os cães não podem estar a ladrar ou a incomodar, mas ninguém os impede de estar ali desde que estejam tranquilos e mais uma vez, a Ginja respondeu à altura, mantendo-se inclusivamente debaixo da mesa, numa tentativa vã de ver deixar cair algum pedacinho do nosso prato. 
Ficar hospedado numa casa de charme (sim, o nome não é por acaso), poder fazer um cruzeiro no Alqueva e ainda ir àquele que consideramos um dos melhores restaurantes alentejanos que conhecemos e sempre na companhia da nossa labradora chocolate faz-me acreditar que estamos a caminhar no bom sentido!
 
 
Deixo os contactos para quem quiser fazer um passeio assim:


Charme de Monsaraz
R. de Santo António 3, Telm. 926 018 507
Falem com a Tânia Amaro, uma anfitriã muito simpática e preocupada com o bem estar de todos, incluindo os quatro patas!


Centro Náutico de Monsaraz
961 667 584
Restaurante Sem Fim
R. das Flores 6 A, telm.266 557 471 
Fecha à quarta-feira

Nova rubrica na calha!

Férias de Verão e animais de estimação não é para muitos uma conjugação fácil e feliz. Muitas famílias não se permitem ter um cão, ainda que digam que é o seu animal preferido e os filhos assim o peçam constantemente, porque vivem assombrados com o que fazer o bichinho no verão, quando todos querem andar livres e soltos a gozar da melhor maneira as férias e o calor. Há dois anos que temos uma cadela. Veio para nossa casa em Outubro em pleno fim de semana grande e nesse mesmo fim de semana fomos de viagem com um patuto. Há dois anos que procuramos alojamentos com a condição de permitir cão. Mais do que uma dor de cabeça, conseguimos transformar essa condicionante num desafio. Não precisamos apenas de um sítio que dê para cinco (dois adultos e três crianças), o que muitas vezes não é fácil, mas sim de um espaço que dê para cinco mais um cão!
Por causa disso temos passado por sítios e experiências incríveis que se calhar nem iríamos conhecer se não tivéssemos um ser peludo e patudo em casa. A última foi levar a nossa Ginja num pequeno mas muito mágico cruzeiro no Alqueva, mas antes disso já a tínhamos levado a andar de gaivota em Avis e a passear no Lago Azul, em Ferreira do Zêzere. É por isso que decidi criar uma nova rubrica no blog. Porque ter cão não pode nem deve significar ir para praias não vigiadas ou ficar preso em casa a maldizer a hora em que se decidiu partilhar a vida com uma animal de estimação.
A rubrica chama-se “Férias com um cão é possível?”, parte da minha experiência pessoal, e promete partilhar destinos, hotéis, restaurantes e demais experiências que faça com a minha cadela Ginja. O primeiro destino está mesmo a sair! E tenho que confessar que não podia estar mais feliz por voltar de férias com as energias tão renovadas que estou cheia de vontade de voltar a dar vida a sério a este meu cantinho virtual que sempre me deu tanto gozo ter.
Vamos a isso!