domingo, 9 de janeiro de 2022

Menos prejuízo e mais juízo


 No outro dia estava a fazer a minha caminhada quando uma família em bloco passa por mim e a mãe exclama: “fico espantada com a quantidade de pessoas que anda na rua sem máscara”, virando-se para a filha, jovem adulta que levava a máscara na cara, mas com o nariz de fora.

Não ligo muito a prejuízos dos outros, ou talvez tente não ligar, porque confesso, fazem-me sempre pensar, tanto na minha conduta como na dos outros…

Aquele comentário feito para alguém que tem a máscara mal colocada é só ridículo, mas é ainda mais triste fazer um comentário alto de forma a ser audível pelos outros, sem saber a história de quem o ouve. Fazer um comentário só para gerar atrito e mal estar não leva a nada.

Aquela pessoa que partiu do princípio que ela estava certa e tantos outros errados, esqueceu-se de ponderar se quem não levava máscara, a tinha tirado pelo esforço físico. Se é alguém que passa o dia inteiro fechado num escritório / loja/ qualquer outro posto de trabalho sem poder tirar a máscara e aproveita o ar livre para o fazer. Se é alguém que esteve em isolamento nas últimas semanas por ter testado positivo e agora pode ter um bocadinho menos de medo e necessidade real de andar sem máscara ao ar livre.

Enfim, há tantas premissas que podem estar na base de cada comportamento que não vamos continuar aqui na lógica dos Ses.

O comentário em questão foi feito por alguém no dia 2 de Janeiro, altura em que supostamente temos bem frescos os nossos desejos para o ano novo que começa. Muitas vezes dizemos que queremos ser mais tolerantes, menos negativos, mais focados no lado bom das coisas… mas na primeira oportunidade revelamos que afinal nada em nós vai mudar nos próximos 365 dias. 

Creio que uma boa resolução de ano novo será a de fazer menos prejuízos dos outros. Deixar de nos considerarmos melhor que os outros. Ter menos preconceitos e ideias fixas. Precisa-se de mais empatia e compaixão de forma urgente. A pandemia não nos tornou melhores pessoas, muito pelo contrário. Quanto mais se arrasta, melhor vemos os efeitos perversos que ela tem.  Mas todos podemos trabalhar, fazer um esforço, para sermos mais inclusivos. Comecemos por tomar consciência disso, de como somos preconceituosos e tentemos mudar algo: uma vez por mês, uma vez por semana, todos os dias. Permitindo-nos ser cada dia um ser humano melhor. 


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