Regressei da melhor maneira às minhas reportagens de teatro. Ontem fui ver “A Casa de Bernarda Alba”, da recém criada companhia Bastidores do Êxito e posso garantir que é uma produção muito boa, pelo que digo já: vão ver. Com encenação de Paulo Taful, maestro e encenador que tive oportunidade de conhecer há alguns anos e de entrevistar também por ocasião de outros trabalhos seus, em Cabriz (concelho de Sintra), a peça parte de um texto de Federico Garcia Lorca, é forte e até comovente. Tem apontamentos musicais extraordinários. Figurinos simples, mas pesados, como pesado é o fardo daquelas cinco filhas. Quando o pai morre, a mãe, tirana, resolve decretar um luto de oito anos para todas elas. Não podem sair de casa. Estão encarceradas em casa, em memória do senhor pai delas. São oito anos, quase uma década. Oito anos em que podiam e queriam casar, ter filhos, conhecer o amor, conhecer o mundo. Mas são obrigadas a ficar fechadas, a morrer também. O elenco junta actrizes profissionais e amadoras, mas é muito coeso. Ao todo são 13 mulheres em palco, sempre vestidas de negro, num cenário sombrio também ele. No meio de tudo revela-se o amor, mas acima de tudo o ódio e a inveja também e a desgraça regressa (será que alguma vez abandonou?) àquela casa. A Bastidores do Êxito ainda não tem casa própria e por isso anda a mostrar a peça um pouco por toda a parte. No próximo fim-de-semana passa pela Casa da Cultura de Mira Sintra, em Fevereiro vai estar na Ericeira e no Cacém, no final do mês. As datas e locais a apresentar podem ser conferidos em www.teatro-arcadia.com.
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