Estreou na quinta-feira passada, no Teatro da Trindade, Lisboa, a peça “Não se ganha, não se paga”, com encenação de Maria Emília Correia, a partir do escrito de Dario Fo. É uma comédia dramática, ou um verdadeiro drama que faz rir, para não se chorar. Apontemos antes para uma comédia negra. Com Cristina Cavalinhos, Lucinda Loureiro, Luís Gaspar, Horácio Manuel e Rogério Vieira ficamos a conhecer um bairro italiano que odia ser o nosso, bem vistas as coisas de como estão os dias de hoje pelo nosso país. Com as mulheres desempregadas e os maridos com salários em atraso há uma cliente do supermercado que se recusa a pagar o preço de um produto porque aumentou de um dia para o outro. Pois que há logo outra que tem uma ideia melhor: não pagar, porque quem não ganha, não paga. Justo dizemos nós. Mas não há assim tão boas ideias. A partir daí há rusgas, castigos a quem violou a lei, perseguições, tensões e muitas desculpas recambolescas para não se ser apanhado. Todos sabemos que a mentira tem perna curta e o desfecho só surpreende porque é o mais dramático que pode haver. Não foi uma peça pela qual caísse de amores, sobretudo porque é extremamente longa (3 horas) e isso ao fim de um dia de trabalho pesa, mas é sem dúvida uma das melhores críticas à sociedade contemporânea que vi nos últimos tempo. Atenção a quem tem pouco dinheiro: às quartas os bilhetes custam apenas 5 euros. Para ver de quarta-feira a sábado, às 20h30 e domingos, pelas 16h30.
Nenhum comentário:
Postar um comentário