domingo, 14 de outubro de 2018

A Ginja


Há muito que queríamos ter um cão. Há muito que os miúdos nos pediam um cão. Há muito que achávamos que os miúdos deveriam ter um animal de estimação, mas um que lhes trouxesse verdadeiro amor e também responsabilidade. Por mais engraçado que fosse ter um peixinho no aquário, não os iria transformar, não iriam receber um abraço nem ia mostrar uma enorme alegria quando os visse regressar a casa. Até lhes podia trazer alguma responsabilidade, mas o retorno iria ser pouco. Um passarinho também não melhorava muito e um gato continuava sem reunir consenso. A verdade é que, há muito que queríamos mesmo um cão!
Mas assim queríamos, assim diziamos que não dava. Que passamos muitas horas fora de casa, que o cão ficaria sozinho, que vivemos num apartamento e um cão precisa de uma casa com jardim, que no inverno seria uma chatice ter que o ir passear com frio e chuva à noite e de manhã cedo, que depois não tínhamos onde o deixar quando quiséssemos ir de férias. Respondiamos tudo isto e claro, os miúdos apresentavam um monte de soluções descomplicadas, como só as crianças sabem fazer. E lá íamos nós empurrando o assunto para o depois, para mais tarde.
Mas a vida não espera e se formos a querer o momento ideal nunca teríamos um cão, nem nunca teríamos tido filhos na verdade!
Com um conjunto de coincidências, na quinta-feira da semana passada atirámo-nos de cabeça e ficámos uma cadelinha Labrador de 2 meses. Um amor. Uma amor tão enorme ao qual não conseguimos resistir. Qualquer dia os miúdos tornavam-se adultos e diriam que nunca tiveram um cão na vida. Queríamos ouvir isso?
A Ginja chegou à nossa familia no dia de anos do Miguel. No dia em que coincidentemente fez também ela 2 meses. No dia em que se celebrava o Dia do Animal de Estimação.
Têm sido dias super intensos. Por ter chegado à nossa família num fim-de-semana grande e de festa, começou logo por ser um quebra cabeças. Como podíamos ir passar o fim-de-semana fora com um cão? Numa pesquisa rápida encontramos um monte de ofertas de hotéis que permitem animais de estimação. E lá fomos nós. Ela super bem comportada sem dar trabalho nenhum, sem fazer barulho, a dormir horas a fio aos nossos colos e no carro.
Nunca chorou à noite. Fica na cozinha e ora está a dormir na sua caminha ora segue viagem para debaixo da mesa para mais uma soneca. Quando nos vê de manhã faz uma festa tão grande que chega a ser comovente. Já começa a fazer xixi no resguardo que lhe comprámos, mas sim, também faz xixi aqui e ali sem grande cerimónia. Dá sinal de querer fazer cocó e já sabemos que quando chora e anda às voltas sem parar é para isso. Levamo-la à varanda e é certinho!
Para já não pode ir à rua e só passaremos à fase dos passeios no ano novo, pelo que a varanda é uma optima solução para ela correr e brincar com a bola como tanto gosta.
Adora roer chinelos e atacadores dos ténis e até agora ainda não fez nenhum estrago.
Queria muito que continuasse assim. Os miúdos competem a atenção dela, mas espero que ao entrar na rotina a deixem descansar mais um bocadinho. O Francisco começa a deixar de ter medo de cães e não só está sempre de volta dela, com festinhas e a pegar-lhe ao colo, como já brinca com outros cães na rua.
A nossa família ficou mais rica, sem dúvida, e isso deixa.me muito serena, apesar de todo o trabalho que ter um cão bebé em casa dá!

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