Se houve lição que todos tiramos desta pandemia é que nada, mas mesmo nada nesta vida é garantido. Um passeio à beira mar, um beijo à mãe, um abraço à melhor amiga, uma ida à cidade ao lado. Coisas tão simples como estas foram-nos vedadas durante largas semanas, mostrando que o mais importante na vida são mesmo as coisas mais simples e que davamos por garantidas.
No fim de semana passado fomos para o Algarve. Aproveitámos a quinta-feira de espiga que é feriado onde vivemos e seguimos para sul para quatro dias que foram muito, mas muito mais especiais que alguma vez sonhámos.
À nossa espera tivemos quatro dias de 30 graus, noites quentes e conversas boas.
Se fosse noutro ano, claro que não iríamos para o Algarve, porque ainda era Maio, porque ainda havia escola na sexta-feira, porque assim e porque assado. Sim, podia ser o melhor fim de semana do ano, mas iríamos ficar por casa… porque, enfim.
Com todos os cuidados levamos os avós. Os meus pais.Os meus pais que ficaram sem ver ninguém da família durante mais de dois meses, a não ser em formato virtual.
Celebrei os meus anos à distância. Celebrámos os anos da minha filha maior à distância. Celebrámos os anos da minha mãe à distância. A Páscoa. O dia do Pai. O dia da Mãe. Caramba, não se morre da doença, morre-se da cura.
Estava na hora de nos voltarmos a juntar, com os devidos cuidados, sem histerismo, sem colos, mas juntos de novo.
Fomos para casa de uns amigos que já não recebia ninguém desde o Natal, logo sem qualquer possibilidade de ter qualquer vírus. Levei máquina do café atrás para nos mantermos o máximo em casa, sem necessidades tontas de ir à rua. Reservamos um restaurante para sábado e pedimos para ficar na esplanada. Levamos jogos e muitas ideias de cozinhados. Pusemos a conversa em dia e as gargalhadas também. Levamos lixívia e passamos a vida a limpar sapatos e chão. Andámos sempre com o desinfetante atrás. Fomos para a praia só com toalhas, protetor solar e chapéu de sol. Sem bolas, nem raquetes ou brinquedos. Andámos mais para ir para a praia mais deserta e mantivemos sempre os sentidos em alerta.
Acho que é esta a nossa realidade actual, de hoje e dos próximos tempos. E temos que seguir vivendo e sobretudo de apostar na nossa felicidade. E se temos oportunidade de fazer algo, o momento é AGORA. Nada nos garante que não voltemos ao confinamento. Nada nos garante que venhamos a ter ameaças piores. Nada nos garante que não venham dias cinzentos em pleno Verão.
Com todo o cuidado, sempre, aproveitemos o momento.
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