Ainda nem as férias tinham começado verdadeiramente e já a minha filha mais crescida pedia e pedia para ir ao concerto do Anselmo Ralph, marcado para 13 de Setembro. Uma vez que tinha tido boas notas nos testes finais do ano, após um notável esforço (estudámos mesmo, mesmo a sério todos os dias, durante dois meses), prometi-lhe que sim, que íamos. Quis juntar dinheiro para o bilhete e foi engraçado ver o que abdicava em prol de fazer os 12,50 euros para a entrada. Se não comia gelado, remetia o dinheiro que não gastava para o grande concerto, se achava uma moeda também tinha o mesmo fim. Nunca lhe disse que lhe pagava o bilhete, porque achei que aquele sentido de esforço e selecção só lhe faziam bem. Apesar de lhe ter prometido o concerto logo no final do ano lectivo, só nesta sexta-feira fomos comprar os bilhetes. Cinco bilhetes para o primeiro concerto a cinco! Quando já tinha os bilhetes guardados, lembrei-me que se calhar a Matilde ainda não pagava, ao que me respondem que todas as crianças pagam, mas só podiam entrar maiores de 6 anos. Olho para a Matilde e vejo-a a tentar conter o choro, numa desilusão tremenda – também ela andara o verão todo a cantar as músicas do Anselmo Ralph. Fiquei ali sem saber muito bem o que lhe dizer, mas na hora decidi que não devolvia o bilhete. Não. Isso estava fora de possibilidade: arriscaria a entrada dela, entre o barulho das luzes. E ainda bem que o fiz. Estavam lá miúdos muito mais pequenos que ela. Se ela não tivesse ido, eu (se calhar mais do que ela própria) tinha também ficado com o coração triste. Fomos todos, e foi uma noite gira. Muito gira! Ficaram tão felizes por ir ao um concerto… E, claro por terem uma noite entre os crescidos, com um programa já mais sério, sem ser aqueles concertos infantis que já estão cansados ir! Os miúdos gostam muito do Anselmo Ralph e eu acho que pela humildade dele, pelo carinho com que ele trata sempre as crianças, a escolha não podia ser mais acertada.
No final da noite, eles já só queriam ir para casa e estavam de rastos. Estavamos todos. Nunca um concerto os cansou tanto! Nem a mim que tive sempre um ao colo ou às cavalitas! Mas valeu a pena, sobretudo por poder partilhar com eles estas descobertas. Os mais novos não vão dar assim muito valor, mas para a mais crescida foi a sua primeira grande experiência num concerto a sério e sei que não mais vai esquecer… inclusivamente as dores de pernas que trazia no caminho de volta a casa! Mostrar-lhes que nem tudo é fácil, nem tudo é colo, faz-lhes bem!
Antes do Anselmo , ainda assistimos ao concerto do Projecto Bug e adorámos. São tão divertidos! Tocaram (cantaram e dançaram) essencialmente covers, o que foi óptimo para a brincadeira, mas também já têm originais giros e ontem ganharam muitos novos fãs!
A vantagem de ter filhos de idade próxima é mesmo esta de podermos partilhar todos a mesma actividade. Por mais que promova a independência e a identidade própria de cada um, não há nada que me dê mais gozo que organizar uma actividade em família. Sairmos todos juntos deixa-me mesmo feliz e ontem foi uma noite feliz!
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