O Teletrabalho é uma das maiores tendências actuais das empresas no mundo, e muito particularmente em Portugal, onde aos poucos se começa a acreditar na capacidade de trabalho das pessoas à distância, sem supervisão directa e constante. No entanto este é um processo ainda no inicio. Em Portugal existem ainda muitos estigmas a ser combatidos, nomeadamente a igualdade entre postos e trabalhadores.
Mas eis que chegamos a um ponto extremo e extraordinário: uma pandemia viral e mundial que obriga a tomar medidas drásticas para não promover o convívio entre as pessoas e assim travar o surto. É preciso e urgente pensar em novas formas de trabalhar. Precisamos de nos proteger, mas não podemos parar por completo as empresas e pôr em causa o negócio. De repente somos "lançados aos leões" e sem grande preparação passamos a trabalhar a partir de casa.
Faço teletrabalho há 3 meses. Há três meses que fico em casa um dia por semana, onde faço a gestão de temas sem qualquer supervisão, mas em constante contato com os meus colegas, através de email, videoconferências e chamadas telefónicas.
Foi sem sombra de dúvida uma decisão que melhorou em muito a minha vida. Sim. Um dia por semana em teletrabalho fez uma diferença enorme. Porque mantenho exactamente a mesma rotina: acordo à mesma hora e despacho os miúdos para à escola à mesma velocidade, ganhando uma hora, a hora em que estaria no trânsito e que aproveito para estender roupa, tirar a loiça da máquina, tirar o jantar do congelador, dar um jeito no quarto das crianças.
Na hora do regresso ganho sobretudo qualidade de vida para estar com os meus filhos. Nesse dia não são os últimos a sair da escola e temos tempo para ir lanchar e conversar e simplesmente estar.
Mas será que é fácil estar em teletrabalho? Não.
Será que todos conseguem estar em teletrabalho? Com disciplina, Sim.
Não tenho a intenção de ensinar ninguém a trabalhar à distância, mas ao longo deste tempo consegui perceber o que resulta e não resulta tão bem.
Muito importante: Manter a rotina, manter os horários tal qual estivesse no escritório. Primeiro para estar em consonância com quem trabalha connosco e está no escritório, depois porque ajuda muito a manter o foco.
Ter um espaço dedicado apenas para o trabalho. Pode até ser a mesa da cozinha, mas no horário em que estamos a trabalhar não devemos ter mais nada ao pé de mim para além do material de trabalho: portátil, canetas, lápis, cadernos, telemóvel. Claro que podem ter um garrafa de água, porque no escritório também temos, mas por favor não trabalhem com pratos de comida ao lado porque podem sujar o trabalho e deitar tudo a perder.
Estar arranjada como se estivesse no escritório: à velocidade dos dias de hoje, não é raro sermos chamados para uma reunião de emergência para o minuto seguinte. É importante estar arranjada. Até podemos tirar a imagem do ecrã, mas muitas vezes essa imagem está ligada e é importante estarmos apresentáveis. Além disso, acredito que a forma como estamos vestidas e arranjadas condiciona muito a nossa forma de trabalhar. Quem não se sente mais segura quando está com um sapatos de salto alto? Ou uma camisa bonita? Uma boa maquilhagem? Estar de pijama não dá energia para trabalhar a ninguém.
Estar sempre disponível. Não atender um telefonema num dia em que se está de teletrabalho cai muito mal...
Para mim, estas medidas resultam, mas cabe a cada um encontrar os seus pontos de equilíbrio de forma a ter a maior rentabilidade possível.
Estar em teletrabalho não é estar de férias. Não é estar de prevenção onde só se trabalha mesmo se alguém chamar. Estar em Teletrabalho é trabalhar tanto ou mais do que um dia normal no escritório. É aproveitar o silêncio para fazer tarefas que obriguem a mais concentração. É aproveitar para dedicar mais atenção a coisas que infelizmente vão ficando para trás.
Sabem aquele ditado dos limões e da limonada? Se a vida nos oferece a possibilidade de estar em teletrabalho aproveitem para mostrar que são bons a trabalhar em supervisão directa. Há que tentar ver sempre o copo meio cheio, em tudo. Mesmo numa pandemia. Vamos lá arregaçar as mangas e trabalhar que nem loucos, mas à distância.
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