Estreia amanhã, dia 31, na Sala 2 do TeatroCinearte A Barraca, em Santos, a “Peça para dois”. Um trabalho de Rita Lello, que assina a encenação, e interpreta ao lado de Pedro Giestas, e que desafia o espectador mais atento a descobrir o teatro dentro do teatro... ou a vida encenada, como se ficção se tratasse. De Tennessee Williams, nome maior da dramaturgia que já tivemos oportunidade de conhecer noutras paragens e noutros textos, “Peça para dois” apresenta-nos Felice e Clare, dois irmãos que preparam uma peça de teatro. Uma peça onde encenam a sua própria vida e todos os traumas que ganharam depois da morte dos pais. Supostamente, o pai matou a mãe e suicidou-se a seguir, mas às tantas ficamos com a ideia que foram os dois filhos que os mataram. A comunidade à volta da sua casa têm-nos como doidos. Mas isso, é o que vão dizendo na peça que tentam apresentar num teatro gelado, perdido numa província qualquer. O publico não gosta do que vê. Eles não sabem o texto. Improvisam e misturam sentimentos seus e, claro, vêm-se abandonados em pleno palco. Pior que isso, vêem-se encarcerados naquele teatro, como se fossem portadores de uma epidemia qualquer e fosse obrigado ao isolamento de tudo e todos. Eles não têm outra alternativa. Sabem que aquelas paredes são o seu fim. Porque não continuar a peça? Continuar a viver o drama das suas vidas? Sempre sobre a sobra da morte e onde se espera a todo o momento o som do revolver. A peça não tem mais de uma hora e meia de duração, mas até ao fim consegue agarrar-nos às cadeiras à espera do desenlace fatal. O trabalho de Rita Lello é absolutamente notável. Ela que já fez tantos papéis e tão diversificados (não nos podemos esquecer os seus registos cómicos no Villaret, por exemplo) encarna uma Clare profundamente perturbada e perturbadora. A peça fica em cena até dia 29 de Março, de quinta-feira a sábado, às 20 horas e domingos, pelas 15 horas.
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