terça-feira, 25 de setembro de 2007

“À noite logo se vê” é divertido


Desde que foi lançado, há alguns meses atrás, que tinha muita curiosidade sobre este novo romance de Mário Zambujal. O autor do famoso e brilhante “Crónica dos Bons Malandros” revolucionou a escrita nessa altura, década de 80, e agora volta a divertir com este livro, bem ao seu jeito, que mistura o humor com a investigação policial, mas que não segue em nada os passos convencionais da escrita. A titulo de exemplo, basta dizer que logo nas primeiras linhas tomamos o propósito da história, mas até ao final do livro, muitas são as histórias que se cruzam, com personagens enigmáticas e que gostaríamos de conhecer pessoalmente (acreditem) só nos remetendo novamente para aquilo que é suposto investigar, nas últimas páginas. Editado pela Oficina do Livro, esta é daquelas histórias que se lêem de um trago. É uma óptima sugestão para levar para a praia, se o tempo o permitir, ou deixar-se ficar no sofá embrulhado numa mantinha, agora que o Outono já começa a sentir-se. As personagens são deliciosas. Caricaturais, talvez, mas muito peculiares e divertidas. Chegamos a um ponto que parece mesmo que estamos a ver aquela gentinha na vidinha que Mário Zambujal nos conta. “À noite logo se vê” parece ser também um hino à língua portuguesa, porque tudo está “aportuguesado”. Ali encontramos “cruassã”, “okai” e muitas mais. Não deixam de dar um som “abrasileirado” ao texto, o que dá uma musicalidade divertida, ainda que por vezes tenhamos que ler e reler para perceber realmente o que ele quer dizer.

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