Lembram-se de eu dizer aqui há dias que a minha filha mais
nova teve dois dias de febre. Uma febre estranha, que apareceu sozinha, sem
ranhos, nem tosse, nem espirros, nem dores de ouvidos, de garganta ou outra dor
qualquer. Um febre alta, mas que ao fim de dois dias, tal como apareceu,
desapareceu. Na altura associei a dentes e até a algum cansaço. Tem andado a
fugir às sestas e acaba por dormir menos que o recomendável, mas férias são
férias e com dois irmãos a fazer barulho ninguém tem vontade de dormir. Bom, acontece
que a febre voltou no domingo, ao final do dia e continuou por segunda-feira
fora e aí já fiquei mais ralada. Mas tento deixar sempre passar mais tempo, ver
o que dá, perceber o que se passa e dar espaço para o organismo responder por
ele. Ora acontece que a miúda começou a encurtar os intervalos da febre, de 8 horas,
passou a seis, a cinco, a três. Tanto o bem-u-ron como o brufen começaram a
retardar cada vez mais o efeito e a miúda começou a ficar sem febre só 2 horas.
Toca de ligar para a pediatra que me mando ir para o Hospital. O hospital de
onde escrevo. Onde estamos há três dias, onde vamos ficar. A miúda tinha toda a
razão. Tinha toda a razão em ter febre, em querer colo, em chorar. Só não sabia
queixar-se, dizer-me o que sentia. E afinal, estamos agora aqui, três dias
passados após diagnóstico, três dias de antibiótico tomado pela veia acima, e
ainda a fazer febres que em minutos atingem os 40º e me levam ao desespero. É previsto
que assim seja, mas dói-me o corpo todo, a alma, o coração. Como se já não
bastasse tudo, hoje ainda perdeu o acesso à veia e lá teve que ser picada até
mais não para conseguir aceder a outra que faça o antibiótico atuar de forma
mais eficaz. Chorou tanto ela hoje, e eu também, que agora com todo o hospital
em silêncio sinto o peso destes dias a empurrar-me. Ficaram muito poucas
crianças neste piso de visitas muito, muito limitadas. Por ser sexta-feira a
grande maioria teve alta. Mas nós não, só quando não houver quaisquer vestígios
de febre. O antibiótico, esse, é para continuar por muitos dias ainda, mas
espero eu que em casa, junto do pai, dos manos e dos avós! Para já, para já, é
um fim-de-semana neste sítio, onde há pouco uma mãe me disse gostar muito do
quarto que me calhou, “porque entretenho-me sempre a ver os aviões…” E eu sorri
apenas, por pensar na afortunada que sou por não ter quartos preferidos aqui e
nem sequer saber o que de avista de cada janela. A minha filha M pregou-me uma
partida, uma valente partida, mas ser mãe também é isto, lamber as feridas
deles e, acreditem, só faz de nós pessoas melhores, muito melhores, capazes de
desvalorizar tanta coisa que de facto não tem importância nenhuma.
3 comentários:
tOla Ana
As melhoras para a M. e força e coragem para a mãe. beijinhos grandes
Amélia
obrigada, Amélia. Ela já está a melhorar. Não tarda voltamos à base e esquecemos estes dias! Um beijinho grande.
Olá, bom dia!
Espero que a M esteja melhor.
Beijoquinhas
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