Estreia hoje e é para mim um dos espectáculos imperdíveis desta rentrée. “Lar, Doce Lar” com Maria Rueff e Joaquim Monchique é uma comédia hilariante, mesmo (não é cliché) e sobretudo frenética. Os dois actores desempenham um total de oito personagens: cinco para a Rueff, três para Monchique. Completamente diferentes entre si, do aspecto, à voz, aos tiques e propósitos. Os actores trocam de roupa em pouquíssimos segundos, tão poucos que às tantas pensamos que tal não é possível e que existe por ali algum duplo a funcionar. Mas não. Eu já fui ver a peça e tive oportunidade de falar com os dois actores no final e garantidamente, ali o trabalho é totalmente feito por eles. Sempre por eles, que conseguem mudar de roupa mais de 20 vezes durante a hora e meia da peça. A história centra-se em duas amigas prestes a completar 80 anos e que partilham um quarto numa residência para seniores, muito elegante e caríssima. Não é um lar qualquer. É um sítio distinto. Distinto como elas parecem ser até começarem uma luta desenfreada por um quarto individual que vagou e que querem muito ocupar. Pelo meio vai aparecendo o filho esquisito de uma, a filha snob da outra. Um velha maluca e a dona do lar de porte másculo. Uma empregada um tanto ou quanto alcoviteira e um médico sem paciência para grandes achaques. A peça parte de um escrito da autora Luísa Costa Gomes, mas é pensado ao pormenor pelos dois brilhantes actores, tão eficazes a arrancar-nos gargalhadas. Mão é uma peça que goze com os velhos, mas ao contrário que lhes presta uma grande homenagem. Eu adorei.
E atenção, o Joaquim Monchique e a Maria Rueff fizeram questão de colocar preços bem acessíveis, a partir dos 10 euros, para que ninguém fique sem acesso ao teatro, nesta crise tão profunda e real que Portugal atravessa.
Para ver no Casino Lisboa a partir de hoje. (a foto é de Helder Mendes)
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