Todos os dias é vê-la empoleirada numa cadeira mal colocada
e quase a tombar, para chegar às prateleiras de cima, onde tem mais livros que
quer agarrar.
Todos os dias empilha livros nos mais variados lugares: no
parapeito da janela da cozinha, enquanto estou a preparar o jantar, na sanita,
enquanto tomo banho, na sala, enquanto pai acende a lareira, no escritório,
enquanto trabalho.
Todos os dias transporta para a cama montanhas de livros e
nunca se contenta só com um lido.
Todos os dias ralho e digo que ainda nos vamos zangar muito
a sério, por tal desalinho.
Todos os dias chora porque só quer livros e eu não
compreendo isso.
Todos os dias também eu tenho vontade de largar a chorar por
ver a casa tão desalinhada, o que me faz também perder a direcção.
Todos os dias temos este filme e todos os dias eu acho que
ela tem alma de bibliotecária.
Todos os dias ela conversa com livros, ou conta as histórias
a ela própria.
Todos os dias me deixa, a bem da verdade, cheia de orgulho!
E, quando um dia, ela for entrevistada por ser uma grande editora livreira, ou uma respeitada escritora, bem pode vir aqui mostrar que a carreira começou com 2 anos de idade!
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