segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Teatro a 10 euros (obrigada UAU)


Uma das coisas que mais me assusta nesta crise por que estamos a passar é nas consequências culturais que isso vai trazer à nossa geração, à geração dos nossos filhos. O não haver abertura para ver um bom espectáculo. O não haver abertura cultural, a possibilidade de rasgar novos horizontes, de colocar à prova a nossa capacidade criativa. Claro que tenho medo da fome. Claro que sim, mas se chegarmos a esse ponto já ultrapassámos tudo, é apenas a luta pela sobrevivência. Nestes tempos que correm vamos fazendo muitas cedências, na roupa, nos jantares em restaurantes,  sobretudo no que toda a cultura. Gostávamos de ir àquele concerto, mas não dá. Os miúdos pedem para ir ver aquilo, mas não dá. Até gostávamos muito de viajar e mostrar-lhes a Torre Eiffel, pois, mas não dá. E aquele livro? Ui que caro que está! Custa-me ver gente capaz, cheia de ideias, a embrutecer por não ter dinheiro. Gente que quer saber, saber mais, mas que agora não pode. E este agora durará até quando? E terá que consequências na nossa cultural? Quantos anos andaremos para trás? Quanto recuaremos no nosso desenvolvimento. Todos nos apontam como um povo fechado, com anos de atraso face às potências desenvolvidas, mas com esta crise que trambolhão vamos dar. É por isso que hoje fiquei contente com a boa nova da UAU, uma das maiores promotoras culturais portuguesas. Durante o mês de Março, os bilhetes para assistir aos espectáculos no Teatro Tivoli BBVA custam, apenas à quinta-feira, 10 euros,  e o mesmo vai acontecer para os espectáculos de Abril no Auditório dos Oceanos, no Casino Lisboa. Ou seja, durante dois meses, as quintas-feiras vão ter teatro a preço de saldo: só 10 euros. Porque nos querem calar e manter afastados da vida social. Porque nos querem ver tristes e redimidos a trabalhar e a não falar. A sobreviver, em vez de viver. Porque é preciso mostrar que nós queremos mais, sair mais, conhecer mais, aprender mais, investir mais, eu faço uma vénia a esta iniciativa de uma empresa privada de baixar os preços da cultura. É de aproveitar. Sobretudo quando se sabe que estreia no próximo mês uma hilariante comédia com Eduardo Madeira, Manuel Marques e António Machado, entre muitos outros  e bons actores.

Não podemos deixar que nos tirem tudo…

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