É incrível como das coisas mais banais e do dia-a-dia podem
retirar-se grandes momentos. Foi assim a manhã de hoje, simplesmente
extraordinária. Literalmente: tão simples como extraordinária. A Carolina foi
ao dentista, uma consulta de rotina marcada pelo centro de saúde, no âmbito do
cheque dentista. E eu que ando triste com este país (não andamos todos?) e que
tenho tanta razão de queixa (11 anos a trabalhar a recibos verdes e sem
direitos alguns) também sou capaz de dizer bem quando é para dizer bem. E esta
ideia de zelar pela saúde oral das crianças com o cheque dentista é das
melhores coisas que este país tem. Há um ano levei-a ao dentista, colocou selantes
e paguei 85 euros. Hoje, levei-a ao dentista, voltou a colocar selantes, porque
nestas idades é natural aquilo ir saído, e não paguei nada. Uma médica
absolutamente simpática, prestável e um atendimento cinco estrela e eu não
paguei nada. Maravilhoso. Mas continuando a história da nossa manhã: como a
miúda teve dentista ficámos a manhã toda juntas. Inicialmente tinha um
compromisso pela hora de almoço e então não planeei nada de especial com ela,
mas depois o compromisso foi desmarcado e ficámos com mais tempo para nós, que
tanto precisamos. Fomos às compras, experimentámos roupa, comprei-lhe roupa que
ela estava a precisar e eu ando baralhada com este tempo frio, mas tão quente
dentro das salas de aula… rimos que nem duas miúdas, pusemos baton! Fomos
lanchar ao nosso sítio preferido e voltámos para mais umas compras. Almoçámos juntas.
Falámos das amigas, do que gosta, do que não gosta, do Natal, do que quer
(basicamente tudo o que vê!) e de tudo e de nada. Fez pinos, fez rodas e levou
um gato para a rua como se fosse um gato a sério! Eu estive só ali para ela, a
conversar com ela, a ouvi-la só a ela, sem máquinas fotográficas, sem
computadores, sem telemóveis, sem nada. Às tantas diz-me “É tão bom estarmos as
duas, não é mãe? Assim, sem chatices nem problemas!” E eu que sabia que sim,
que SIM, nem sabia o que lhe responder. Cada vez mais valorizo os momentos a
dois com cada um dos meus filhos. Sem ter que estar sempre a dizer (gritar?) “vai
arrumar o quarto”, “faz os trabalhos de casa”, “ajuda a tua irmã”, “deixa o teu
irmão brincar”. Adoro ser mãe de três. Adoro, mesmo, mesmo, mas eles são seres
individuais e não posso estar sempre a vê-los como uma parte de três. Precisam do
seu espaço só com a mãe, só com o pai e ainda que sejamos todos uma parte de
cinco, somos todos uns. Cinco uns! E entendemo-nos muito melhor quando damos
espaço a cada um individualmente. Hoje a nossa manhã foi simplesmente extraordinária.
Literalmente: tão simples como extraordinária. Obrigada filha!
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