segunda-feira, 24 de março de 2008

“O Capitão dos Índios” - a doce colheita da Páscoa



Eis que ao fim de quatro dias sem colocar as mãos (!) neste blogue, para uma merecidas ainda que curtíssimas férias, volto acompanhada de um belo livro. “O Capitão dos Índios” acaba de ser editado pela Oficina do Livro e conta-nos uma história verídica de um português de origem judaica que é obrigado a fugir para o Brasil para não ser queimado ou torturado pela nossa inquisição. A história já foi transformada em reportagem, pela TVI, e muito possivelmente vai chegar ao pequeno ou grande ecrã. Eu acredito que tal como me apaixonou a mim, vá apaixonar muita gente. É até um pouco inspirador este exemplo de homem que fugiu como clandestino para o Brasil, escondido numa pipa de água, com metade do corpo submerso e sempre com as pernas encolhidas, no porão de um navio que demorou largas semanas a atravessar o Atlântico. Pois que depois de andar a comer dos caixotes e a trabalhar como escravo, o nosso Manuel Vicente consegue fazer uma grandiosa fortuna. Mas não é aqui que reside a grandeza da história, ainda que só por si, seja um exemplo a ter em conta. O importante, ou mais importante, a reter, é que mesmo rico, ele nunca baixou os braços ao trabalho e é graças a isso que consegue ajudar centenas de pobres coitados que tentam fugir à inquisição por seguir certas crenças. Mais do que isso, ele consegue aproximar-se dos povos índios, na altura tidos como selvagens. Como? Pura e simplesmente, respeitando-os. A par de tudo isto, há romance, mais do que uma história de amor, e muitos valores de amizade que prevalecem sobre tudo e todos. A época em que se passa a história é fascinante e agarra qualquer um às palavras de Ana Lígia Lira, a escritora, também ela uma brasileira, descente de portugueses e Índios. Ela conhece bem a história, afinal Manuel Vicente, o capitão dos Índios ,foi seu tetravô! O preço é de 15 euros.

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