quinta-feira, 29 de março de 2012

Eu (já) sou dadora de medula óssea




Quem me conhece sabe sou a maria das listas de tarefas, de desejos, de objectivos, eu sei lá. E ser dadora de medula óssea há muito que passava de lista para lista e sempre lá no topo. Mas, a verdade é que há seis anos que ando de volta de gravidez, parto, pós-parto, gravidez, parto, pós-parto, e as prioridades acabam por mudar e às vezes até por cair no esquecimento. Ultimamente, desde que a minha filha mais nova fez um ano que ando, literalmente, a adiar a recolha de sangue de uma semana para a outra. Ou porque estou doente, ou porque eles estão doentes, ou porque tenho trabalho, ou porque me esqueço, sei lá, a minha visita ao Pulido Valente andava tremida. Até hoje. Sou menina de festas, brindes, velas, abraços e beijinhos, mas precisava de tornar este dia um pouco mais especial para mim. Às sete da manhã já estava a fazer um bolo que trouxe para o trabalho onde, mais que colegas, tenho a sorte de ter amigos, pessoas de quem gosto mesmo para lá da porta da rua. Logo à noite tenho jantar no sítio que escolhi e com a família reunida. No sábado a festa prossegue para gáudio da pequenada que vibra com estes dias. E por isso, não tinha porque estar a inventar mais um almoço, mais um encontro, mas nada. Precisava de fazer algo mais profundo. Algo que me fizesse de facto sentir bem. E ter ido fazer uma recolha de sangue para o banco de dadores de medula óssea fez-me sentir bem. Não é só o riscar de um desejo numa folha, que para mim também é importante, admito, mas é o sentimento de dever cumprido. Se eu puder ajudar alguém a atravessar a estrada, eu ajudo, se eu for chamada para salvar uma vida, eu vou. Dizer só que perdi (ganhei) meia-hora em todo o processo: estacionar, preencher o papel de inscrição e fazer a recolha. Não doeu nada, tal e qual uma análise qualquer, com a vantagem de ser ultra-rápido, já que só se enche um tudo de ensaio e não 50 mil, como no “estado de graça”. Não se paga e recebemos em troca um “muito obrigado” de quem nos atende. Quem é que ainda tem dúvidas em seguir caminho até ao Centro de Histocompatibilidade do Sul?

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