Ontem, num almoço de Natal de compadres, a madrinha da minha
filha mais pequenota pergunta: “Não tens enxoval das tuas filhas para dar?”
Tenho, claro que tenho, sobretudo até aos nove meses, que na nossa família
vamos passando a roupa de irmãos para primos sem qualquer problema. E por isso,
tudo aquilo que já não serve à minha sobrinha e que não tem um significado
muito forte para mim, pode tomar um novo rumo. Aliás, deve tomar um novo rumo,
sobretudo perante uma história destas. A Madrinha da minha filha contou-me então
que a prima, que eu também conheço bem, enfermeira do Hospital Amadora Sintra,
lhe tinha ligado a pedir roupas de menina e porquê? Preparem-se porque isto não
se ouve todos os dias e chega até a ser difícil de acreditar. No dia de Natal,
25 de Dezembro, entrou uma senhora nas urgências na casa dos quarenta e tais,
com fortes dores abdominais. E eis que passados uns minutos nasceu uma menina. A
senhora estava a ser seguida há cerca de dois meses porque não se sentia bem,
tinha ficado sem menstruação e estava inchada. Ao que parece nunca lhe fizeram
uma ecografia e deduziram que se tratava de um caso de menopausa precoce. Mas
era mesmo uma gravidez. Uma gravidez completamente surpresa e inesperada. A
senhora já tinha dois filhos a chegar perto dos vinte anos e claro nem um body
de bebé tem em casa. Neste meu saco que acabei de preparar seguem muitos bodys,
pijamas, calcinhas interiores, vestidinhos e camisolas. Seguem também pantufas
e uns ténis que nenhum dos meus três filhos chegou a calçar. Já tenho ali também
brinquedos de bebé para seguirem para o Hospital onde ainda estão as duas: mãe
e filha. Não sei que é a senhora nem nunca vou saber, mas conforta-me saber que
pude ajudar alguém que de repente se vê, literalmente, a braços com uma bebé
recém-nascida que com toda a certeza vai trazer muitos e muitos sorrisos àquela
família.
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