segunda-feira, 11 de março de 2013

A preparar a Primavera


É verdade que não parece. É verdade que a cada pancada de água que cai, mais pensamos em mantas, chá quente e lareira acesa, mas a Primavera está aí daqui a poucos dias e é a altura ideal para meter as mãos na terra! E este ano estou empenhada em fazer finalmente uma mini horta cá em casa. A tarefa é mais complicada que se julga. Já há uns anos tive manjericão, salsa, hortelã e coentros e em dois tempos murchou tudo, sem aproveitar um galho que fosse. São plantas de rua e por isso é na rua que têm que estar. Quando decidi compras as plantas da outra vez insisti em deixá-las na cozinha, onde aliás tenho várias plantas que se dão lindamente, mas estas não. Coentros, salsa, hortelã, manjericão, orégãos, cebolinho, morangueiros, tudo isso, tem que estar na rua. Como já não passo tantas horas fora de casa como passava, acho que desta vez vou dar conta do recado: rua, sol e água, muita água. O que convinhamos que neste últimos dias, não tem sido uma alínea difícil!
Por todo o lado se ouvem histórias de gente desempregada que decidiu ir viver para as casas “da terra”, desocupadas, mas que agora viraram verdadeiros refúgios para quem já tudo perdeu. Há gente nova a empenhar-se no papel de agricultor, porque assim, mesmo que falte o dinheiro não falta a comida. Eu não espero reduzir a conta de supermercado com isto, pelo menos para já, mas agrada-me saber que posso abrir a porta da varanda e tirar folhas de manjericão para fazer um pesto, apenas porque me apetece e sem precisar de ir às compras. Agrada-me pensar que em qualquer cozinhado, chegou ali e tiro dois ou três pés de coentros e faço logo de um prato normal, um prato de sabor bem português.
Gostava de ter tomate e alface e pimentos e pepino, mas acho que isso já é querer demais para alguém que como eu nunca plantou nada. Se morasse numa vivenda teria com certeza árvores de fruto, ou se calhar só limões, mas teria alguma coisa, só pelo prazer de ir lá fora apanhar e preparar alguma coisa para os meus filhos, sabendo exactamente de onde vem. As hortas comunitárias estão cada vez a crescer mais, e acredito que são cada vez mais os que pensam e querem ter apenas um palmo de terra para cultivar.
Para além de tudo o resto, das razões económicas, do conhecimento do que é colocado na terra e do consequente cuidado com a alimentação, acho que é sempre engraçado fazer jardinagem com os miúdos. É sempre bom mostrar-lhes de onde vêm os frutos que por norma só conhecem já arranjados quando vão para a mesa.
Estas pequenas plantas que comprei, e ainda me faltam muitas, chamam-se, por norma, “cheiros”, precisamente pelo forte aroma que deitam e dão a qualquer prato. Cada vaso custa à volta de um euro e qualquer coisa e cada pé de alface, por exemplo, há a sete cêntimos, num viveiro aqui junta a minha casa. Se as coisas correrem bem, claro que é um bom investimento financeiro, mas mesmo que daqui a umas semanas já pouco ou nada reste de cada vaso, sempre serviu para envolver os miúdos com a natureza. E isso, para mim, já é um ganho.

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