Ontem fui visitar uma amiga, que ainda há um ano tinha uma
vida normal e que agora está presa numa loja a ganhar o ordenado mínimo e sem
perspectivas de melhorar a vida nos próximos tempos, tal vão os negócios…
Estava ela a contar-me que uns metros mais abaixo, uma outra
loja tinha na montra o anúncio “Precisa-se colaborador”. Foi lá para saber as
condições e assim que entra e diz ao que vai, perguntam-lhe atrás do balcão: “Tem
filhos?”
E porquê, perguntam vocês, perguntei eu, perguntou ela. “Porque
não contratamos mulheres que tenham filhos. Faltam muitas vezes. Volta e meia
os miúdos ficam doentes…”
Não consegui reagir ao que ela me contou, mas apetece-me
perguntar se aquelas pessoas tiveram mãe. Será que tiveram? Será que a mãe lhes
deu colo quando estavam com febre? Será que a mãe lhes segurou a cabeça
enquanto vomitavam? Será que a mãe lhes fez uma sopa de arroz quando tinham
dores de barriga? Será que a mãe lhes deu amor, lhe enxugou as lágrimas quando caíram
e esfolaram o joelho e aplaudiu quando conseguiram andar de bicicleta sem
rodinhas?
Eu também acho que só o simples facto de haver o dia da
mulher é sinal de haver discriminação. Mas a verdade é que há. Há mesmo. Nós
não queremos cá flores no dia 8 de Março. Nós não queremos um jantar especial. A
única coisa que as mulheres querem neste mundo é serem tratadas de modo igual.
É tão simples como terem apenas a oportunidade de mostrar o que valem. Só isso.
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