terça-feira, 29 de outubro de 2013

A mamã dá licença? Um ano para trás.


Não deve haver no mercado ervilhas do tamanho do meu coração. No sábado à noite quando cheguei da festa que fui fazer a Leiria, a miúda pequena dormia. Toquei nela e vi que tinha febre. Febre alta. Imediatamente pensei no rim, mas ao mesmo tempo tentei manter a calma e lembrar-me das milhentas possibilidades que podiam estar associadas. Afinal estamos em época de constipações e gripes, vamos ter calma. Mas a noite foi de sobressalto, com a febre a ceder muito pouco e com as temperaturas a obrigarem a intercalar bem-u-ron com brufen, a cada quatro horas. Acordei com a certeza de estar algo mal com o rim. Não tinha ranhos, não tinha tosse, nem dores de garganta. Aliás nada lhe doía, nem ouvido, nem cabeça, nem barriga. Fomos directos a Santa Maria, onde no dia da alta nos tinha dito: “qualquer dúvida, qualquer febre, mal estar, vai directamente às urgências com este papel”. Foi o que fiz. Não esperei que a febre continuasse. Não aguardei pelos três dias da praxe. E foi o melhor que fiz. Apesar d eme terem dado pulseira verde na triagem (mas como? Mas como, se a miúda ardia em febre e tinha uma carta a explicar a operação feita há 3 semanas???), a médica que nos atendeu disse que a Matilde não podia esperar. Que muito provavelmente era uma nova infecção urinária de novo no rim… como há um ano. Seguiram-se lágrimas, análises, lágrimas, ecografias, lágrimas, análises, longas horas de espera, lágrimas, reuniões entre médicos. A pediatra da Matilde queria que ela ficasse internada, a pediatra que estava com ela nas urgências quis dar o benefício da dúvida. Chegaram a consenso e saímos de lá já de noite com muitas advertências. “Se vomitar, vem directamente para qui.”, “Pode ter febre assim como hoje, durante o dia de amanhã, depois tem que baixar, senão vem directamente para aqui.”, “Alguma queixa dela, vem directamente para aqui”, “se achar que algo não está bem, vem directamente para aqui”. Até agora ainda não vomitou e tal como o previsto, ontem a febre não baixou , mas hoje já aguentou quase sete horas sem antipirético. Já comeu, o que é sempre um sinal positivo e apesar de ter um ar que parece ter sido atropelada por um camião, já brinca e canta e ri e grita. O antibiótico está por isso a fazer efeito. Amanhã temos a consulta pós-operatório, marcada desde o dia da alta. Sei que o que aconteceu “não era suposto” ter acontecido. Disseram-me os três médicos com quem falei. A operação tem uma taxa de sucesso de mais de 90 por cento e eu não quero que ela esteja incluída nos dez por cento que falta. Sinto que voltámos um ano inteiro para trás. Tenho medo do que vem para a frente.

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