Hoje é o quarto dia de hospital. Meio caminho já está
andado, mesmo que seja mais de uma semana de internamento: meio caminho já está
andado. Porque o pior não é estar aqui, à espera que o tempo passe e a ver as
evoluções. O pior foi o antes: os dias até à operação, pela tão grande
ansiedade, e o dia da cirurgia em que os relógios decidem avariar e ficar parados
horas a fio no mesmo minuto. Agora já quase tudo passou. No fundo, e se não
houver complicações, esta é até a parte melhor, certo? Ainda que enquanto temos
os filhos doentes não haja partes melhores… muito menos quando têm ordem de repouso
absoluto e por um período que pode chegar às três semanas.
Já pregou uns sustos jeitosos: decidiu fazer febre,
quando não era suposto e já se levantou da cama, coisa absolutamente proibida. Está
completamente saturada de estar deitada, mas já consegue fazer coisa
supostamente improváveis para quem está presa a uma cama: pinta livros de
colorir, as mãos, a camisola e os lençóis!, faz puzzles, cola descola
autocolantes, despe bebes, vê livros, constrói quintas. E tudo sempre só com
uma mão, porque a outra tem o cateter e ela nem a quer ver quanto mais tocar
com ela em qualquer lado.
Já teve a visita dos avós e dos manos e ficou radiante. Estava
na dúvida se os irmãos deveriam entrar ou não. Estão autorizados a fazê-lo, mas
eu tive receio que isso a transtornasse, que ficasse triste por não ir embora
com eles. Mas não. Ficaram todos tão, mas tão felizes de estarem juntos que até
fez esta mãe galinha emocionar-se. E depois eles saíram sem grandes dramas. Quer
dizer, não foi bem assim: a carolina e o francisco queriam ficar cá, e ela com toda
a certeza queria ir embora, apesar de não ter dito nada! Foi nessa altura que
decidiu ficar com febre, associei à emoção, mas a médica que veio imediatamente
vê-la assim que soube da temperatura tranquilizou-me e disse que a visita deles
só podia fazer-lhe bem. Verdade é que hoje já não tem febre, felizmente que já
estava a ver a coisa a andar para trás.
Ainda temos muitos dias e noites de estadia pela frente, neste
quarto da cirurgia pediátrica de Santa Maria, mas a verdade é que meio caminho
está andado. Agora é só uma contagem decrescente até regressarmos à nossa casa,
à nossa vida! Está quase…
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