Hoje de manhã, quando fui
levar os miúdos à escola fiquei colada à rádio (Antena 1) a ouvir a entrevista
da pintora Graça Morais acerca da nova exposição que inaugura na Fundação Arpad
Szenes – Vieira da Silva, nas Amoreiras, Lisboa. A mostra, que fica patente até
Abril, chama-se “Os Desastres da Guerra” e através da pintura e desenho a
autora revela aquilo que vai sentido ao ver as notícias no nosso dia-a-dia.
Portugal não está em guerra, mas vive o desespero do desemprego, dos miúdos a
seguirem caminho para a escola sem pequeno-almoço tomado, a regressarem a casa
sem comida quente para a noite. Portugal não está em guerra, mas vive o
desespero de quem não tem dinheiro e é obrigado a tirar idosos dos lares por
não ter como os pagar e a deixá-los ao abandono em casa, sem ninguém a olhar
por eles.
Portugal não está em
guerra, mas cada vez mais é um país desfeito e isso faz-me muito medo. Na sua página pessoal (http://gracamorais.blogspot.com/), Graça Morais revela “Estas pinturas e desenhos são o meu grito de alerta e revolta perante um mundo que apreendo através dos jornais, das televisões e dos media e que também sinto no olhar das pessoas com quem me cruzo no meu quotidiano, numa cumplicidade de olhares, cheios de dignidade mas também de muito sofrimento.”
E eu pergunto: poderá o mundo melhor se todos nós dermos o nosso grito de revolta? Eu acho que sim. Acho mesmo.
A exposição abre hoje, último dia de Janeiro, ao público e eu acredito que seja uma das melhores exposições a visitar nesta altura.
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