É um hábito há muito implantado por essa Europa fora, sobretudo nos países de tradição anglo-saxónica e nórdicos, mas em Portugal
começa agora a dar os primeiros passos. Estou a falar do Bookcrossing, o conceito que disponibiliza livros sem que seja preciso fazer algum registo da pessoa que o leva e que pretende transformar o mundo numa verdadeira biblioteca
global. Eu acabo de me tornar fã. Ontem estive na inauguração do primeiro posto de bookcrossing de Agualva, Cacém, e como sou jornalista com o press e convite para a inauguração, veio também um livro. Na altura disseram-me que podia
devolvê-lo, mas não o fiz. Fiquei com ele e estou a lê-lo. Agora vou ao site registar o livro, para que saibam por onde anda ele. Também tenho curiosidade de ver depois para onde ele for, quando o libertar. Se nós não dermos o exemplo, penso que será difícil implementar a ideia por cá. É engraçado, porque uma das grandes memórias que tenho de uma viagem que fiz há uns 15 – 20 anos à República Checa foi ver toda a gente, junto ao metro por exemplo, a retirar jornais de um dispensador, e a colocar uma moeda na caixa. Na altura pensei logo: isto em Portugal era bonito. Todos tiravam o jornal, mais que não fosse só porque sim, mas ninguém deixava o dinheiro. E ontem, confesso, dei por mim a pensar o mesmo: será que as pessoas vão depois devolver os livros ou simplesmente levam-nos para casa e pronto? Seja como for, acho a ideia
fabulosa, porque de facto não dá qualquer trabalho, só falta haver um serviço que nos envie livros para casa conjuntamente com um mecanismo qualquer que faça virar as páginas sem mexermos um dedo! A ideia é que os livros circulem. Que se encontrem os livros, que se leiam, que se deixem para os outros lerem. Infelizmente, Portugal continua no fim da tabela no que respeita a hábitos de leitura. Somos um país de sentimentos fortes, de fado, de poetas, mas ler, poucos lêem. O livro que tenho e que prometo libertar em breve é “A Valsa do Imperador” de Maria Scherer. Nunca o tinha lido, por isso calha bem! Todos os livros do bookcrossing estão registados e trazem um código para se poder aceder à página online e fazermos saber por onde anda ele. Não se paga nada e não há sanções para quem não devolva os livros porque não há ninguém a controlar os próprios livros. Vai da consciência de cada um. É uma escolha individual, mas
no fundo permite-nos estar em rede e partilhar histórias, personagens, saberes. Eu gosto e aplaudo!
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